Home Viagem no tempo: relembre TUDO sobre a primeira versão da história do FIFA

Viagem no tempo: relembre TUDO sobre a primeira versão da história do FIFA

Quando o FIFA 18 for lançado oficialmente em 29 de setembro, terão passado 8.842 dias desde o histórico 15 de julho de 1993. Foi nessa data em que a EA Sports deu ao mundo a primeira edição da história da franquia. Tão pioneira, que nem o ano da temporada seguinte era levado ainda no nome oficial do jogo. O “Fifa International Soccer” é chamado informalmente de “FIFA 94”.

O Torcedores.com relembra agora um pouco dessa história. O primeiro FIFA chegou ao mercado cheio de novidades. Imagine que aquela época era marcada por games tão atrasados que o fato de haver um árbitro dentro de campo no jogo da EA era algo revolucionário. E não foi só essa novidade.

O grau de espanto que o primeiro FIFA causou é bem descrito em reportagem publicada meses depois, em fevereiro de 1994, pelo jornal Folha de S.Paulo. “Se realismo está entre as preferências de jogadores de futebol eletrônico, o “Fifa International Soccer”, da Electronic Arts, é uma boa pedida”, dizia a análise. Mais tarde, outro olhar do mesmo veículo, agora no caderno infanto-juvenil “Folhinha” foi mais profundo.

Nome oficial do jogo não trazia o ano “94” ainda

Em clima de Copa do Mundo chegando, no dia 11 de junho de 1994, a Folha definiu o FIFA como “o melhor” jogo de futebol virtual. “Não esqueceram quase nada. Detalhes de gráficos e sons, 48 seleções para você escolher, além de esquemas táticos, estratégia, tempo de jogo, clima e tipo de gramado. A visão diagonal do campo, como numa partida vista pela TV, faz o jogo parecer real. Tem até replay de jogadas”. Tudo isso era destaque há mais de 20 anos.

Resolvemos ligar o Fifa International Soccer que estava na caixa de antiguidades e viver um pouco daquelas sensações lançadas em 1993. O game tinha mesmo como novidade essa quantidade maior de seleções. O jogo do Mega Drive trazia a mecânica baseada nos três botões básicos do controle.

O botão “A” fazia um passe mais curto pelo alto e servia também para dar carrinho quando o time estivesse sem a bola. O “B” servia para um passe rasteiro no ataque, e mudava o jogador na defesa. Já o “C” era o botão para chute. Em alguns casos, essas configurações poderiam ser diferentes. O Mega Drive tinha uma segunda versão de controle que incluía os botões Y, X e Z.

A primeira coisa que chamou a atenção no menu principal foi a quantidade de modos diferentes de jogos possíveis. Além de uma exibição, havia também o modo “torneio”, no qual 24 seleções eram colocadas em seis grupos e disputavam um campeonato nos mesmos moldes da Copa do Mundo daquela época. Mas o jogo não era livre de um bom bug.

Começamos um torneio para ver como era naquela época. Você selecionava a quantidade de times que queria controlar, no máximo de oito seleções, e depois o game completava as vagas restantes. O sorteio dos grupos também era automático, não seguia qualquer critério e ainda não dava a opção de mudar manualmente. Ou seja, se você quisesse recriar a Copa do Mundo, por exemplo, teria que fazer um monte de amistosos na mão.

Ah, falamos do bug, não é? Pois, é isso mesmo. O Brasil que escolhemos caiu no Grupo A, ao lado de Nigéria, México e Estados Unidos. Vamos ignorar que jamais em um sorteio de Copa do Mundo haveria a possibilidade de dois times da Concacaf na mesma chave. O problema é que o Brasil apareceu também no Grupo D, ao lado de Japão, Turquia e Bulgária.

Brasil no Grupo A…

… e Brasil no Grupo D

Isso mesmo, dois times do Brasil disputavam o mesmo torneio. E sem a menor chance de modificar isso. Destaque ainda para o Grupo B só com europeus (Alemanha, Rep. Tcheca, Irlanda e Inglaterra), e a chave F com dois africanos, Marrocos e Camarões.

Passamos, então, para o modo “liga”. Você escolhe novamente a quantidade de times para controlar. E então dá de cara com uma liga em pontos corridos disputada por apenas oito seleções. Esse modo, portanto, era muito melhor para um campeonato entre amigos. Assim, todos jogariam contra todos em uma disputa entre menos países. Se você estivesse sozinho e escolhesse apenas um time para comandar, o game novamente completaria as outras sete vagas de acordo com a vontade própria dele.

O modo “playoffs” colocava a emoção do mata-mata diretamente na sua TV. Você já entrava nas oitavas de final da competição. Mais uma vez, não era possível escolher os adversários, tudo automático. E, em todos esses modos, dava para parar de jogar, anotar o “password” e depois retornar com essa senha para recomeçar de onde a competição foi interrompida.

O mais legal para aquela época era mesmo o quanto a EA conseguiu desenvolver os fatores naturais. Tipo de grama, condições do tempo, duração do jogo. Tudo era personalizável. Aliás, a duração do jogo é motivo de duas coisas que nos chamaram a atenção.

O cronômetro não imitava o de uma partida de futebol, como acontece nos games de hoje. Se você selecionasse uma partida com dois tempos de quatro minutos, por exemplo, a contagem ia até 4:00, e não mudando a velocidade da correria do relógio até 45 minutos, como atualmente.

Mas havia um problema que a EA Sports só corrigiu na versão seguinte, o “FIFA 95”. O cronômetro só aparecia de vez em quando na tela. Em vários momentos, você não tinha noção do quanto faltava para acabar o jogo se a bola não saísse, ou acontecesse uma falta, gol, ou qualquer outra ação que motivasse a entrada do placar e do tempo de jogo na tela. O FIFA 95 já trazia o relógio fixo no canto esquerdo da tela, mas foi um game lançado apenas para Mega Drive. Demais consoles só receberam a partir do FIFA 96.

O jogo rolava sem nada na tela a maior parte do tempo

Também foi só nas versões seguintes que a EA implantaria o conceito de força gradual dos chutes. No primeiro FIFA, era só apertar o botão de chute, não havia muito o que controlar além disso. O nosso primeiro gol, marcado pelo fictício “Tito Mancuso” da seleção brasileira, veio em um chute bizarro e desleixado dado da intermediária. Não fazia muito sentido, mas, na época, era tudo muito próximo ao “real”.

A escalação do Brasil titular era formada pelos seguintes jogadores: Ricardo Santana (goleiro), Enrico Moeser, Luis Silva, Marco Pitzos (defensores), Julios Barbetto, Tomas Gabriel, Manuel Fernando, Tito Mancuso, Peter Mueller (meio-campistas), e a dupla histórica do ataque brasileiro, Janco Tianno e Rico Salamar. Tudo porque a EA não tinha as licenças dos jogadores reais, algo que só aconteceria nas versões seguintes também.

Escalação, jogadores com diferentes habilidades, táticas. Novidades do primeiro FIFA no mundo dos games

Janco Tianno virou um ícone da cultura popular dos games nos anos 1990, rivalizando com Allejo, o brasileiro mito do jogo que surgiria tempos mais tarde como rival do FIFA, o International Superstar Soccer, da Konami. Essa briga pelo mercado existe firme e forte até hoje, já que o ISS virou o Pro Evolution Soccer, o PES.

A gente jogou esse primeiro FIFA no Mega Drive, mas o game teve versões para Super Nintendo e PC, onde era inicializado por meio do MS-DOS. Sim, era necessário saber alguns comandos para digitar e executar o game no computador daquela época. Aliás, a versão do Super Nintendo tinha diferenças. Havia três seleções que não estavam nas outras plataformas. Arábia Saudita, Bolívia e Coreia do Sul. Com isso, apenas os donos desses consoles poderiam fazer uma Copa do Mundo com a tabela de 1994, pois essas seleções foram participantes do Mundial disputado nos Estados Unidos. Os menus também eram diferentes.

Havia também uma versão que foi lançada para o Sega CD, um dispositivo que era acoplado ao Mega Drive e permitia a leitura de jogos em CD no console. O jogo era um pouco mais bonitinho nos gráficos, mas não mudava tanta coisa. Quem revolucionou mesmo com games em discos compactos foi o PlayStation. O videogame da Sony só estreou na franquia FIFA na edição lançada em 1995, o FIFA 96.

Mas com certeza você pode ter chegado até aqui só para saber se a gente ia citar um clássico daquele primeiro FIFA, não é? Pois, somos todos parte de uma geração que se divertiu muito fugindo do árbitro na hora de levar um cartão. Esse era mais um ponto incrivelmente bizarro na programação do jogo da EA. Quando acontecia uma falta, você poderia continuar controlando o jogador enquanto o juiz se preparava para mostrar o cartão. Nisso, era possível sair correndo. O árbitro ia atrás e começava uma perseguição que poderia durar vários minutos. Só quando o jogador parava é que saía a advertência pela falta cometida. Um ícone dos games!

https://www.youtube.com/watch?v=d2Xq0Aq3fwY

No YouTube, existe um vídeo que compara as versões do Mega Drive, que era semelhante a que era disponível nos PCs, e do Super Nintendo. Os gráficos do console da Nintendo eram mais limpos, mas o da Sega é que possivelmente marcou mais gente naquela época no Brasil. O SNES estava apenas chegando ao Brasil com verdadeiro atraso em 1993, enquanto o Mega Drive já tinha três anos no mercado nacional e era mais popularizado. Confira abaixo a comparação:

Aquele era apenas o começo dessa história. O FIFA 95, lançado um ano depois, foi o primeiro a conciliar o futebol de seleções com o de clubes. Times brasileiros apareceram nessa versão do game. Mas os jogadores eram fictícios, assim como acontecia na primeira versão com os países. Para a época, porém, era uma chance de jogar com o time do coração em um brinquedo que “parecia real”.

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