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Inteligência artificial e streaming: veja como a IA pode afetar a indústria de audiovisual

A inteligência artificial influencia cada vez mais o serviço de streaming e cria discussão sobre seu uso na produção do conteúdo.

Inteligencia Artificial Streaming
Crédito: Pixabay / Galdini

Há pouco mais de vinte anos, estávamos acostumados a alugar fitas cassetes, CDs ou DVDs nas famosas videolocadoras.

Contudo, o surgimento de empresas como a Netflix e demais gigantes do streaming abalou não apenas a forma como consumimos conteúdo, mas também as estruturas da indústria de cinema e TV.

Desde 2022, a popularização de modelos de linguagem natural, como o ChatGPT, criam um novo debate: o uso da IA na criação de conteúdo.

No começo do mês de maio, uma nova greve dos roteiristas de Hollywood colocou a indústria do maior mercado de entretenimento do mundo de joelhos.

Aproximadamente 20.000 roteiristas de filmes e TV pararam reivindicando melhores salários e cuidados de saúde.

Para além dessas questões comumente levantadas nas paralisações, uma outra entrou na pauta: o uso de IA na produção de conteúdos de textos e de imagem.

Modelos de processamento de linguagem natural, como o ChatGPT, tornaram-se um ponto de discórdia em torno do uso dessas tecnologias.

Regulamentação do uso de IA

O Writers Guild of America (WGA) é uma associação que representa dois sindicatos estadunidenses de roteiristas da televisão e do cinema.

O WGA convocou a greve após um impasse nas negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP) – a associação comercial que representa 350 empresas de produção de televisão e cinema dos Estados Unidos.

Há realmente muito o que se discutir, frente a velocidade com que essas tecnologias têm ganhado nos últimos anos. Para Hollywood, o uso da IA deve ser regulamentado.

Há desafios éticos com criação de conteúdo pelas tecnologias emergentes, como o plágio, propriedade intelectual, uso indevido, preconceito e desinformação.

Isso sem contar com o toque humano de quem faz a produção. Há o elemento criativo no debate em que IA pode perder a naturalidade e tornar substituível a presença humana na elaboração de um roteiro.

Existe um debate acirrado sobre o uso da IA na criação de conteúdo, no momento em que os limites de sua utilização estão sendo definidos.

Com a atual greve, muitas produções foram interrompidas, o que afetou não apenas a indústria da TV e do cinema, mas também dos serviços de streaming.

Como a greve dos roteiristas de 2023 pode se desenrolar?

É difícil prever os prejuízos econômicos para a indústria, mas alguns especialistas calculam algo em torno de US$ 12 bilhões (R$ 90,9 bilhões).

Em 2007, a última greve do WGA durou 100 dias e afetou fortemente grandes produções, como Lost e Breaking Bad.

Na ocasião, os escritores lutavam por melhores royalties pagos pelas vendas de DVD e por proteção sindical.

Um dos efeitos que culminou na greve de 2007 foi o crescimento explosivo dos reality shows.

Com a necessidade de suprir a falta de conteúdo, estes programas que não necessitam de um roteiro escrito, foram a opção barata para preencher as lacunas.

Um exemplo simples deste sucesso instantâneo é o reality da família Kardashian, lançado poucas semanas antes da do início da greve.

O serviço de streaming perdeu sua era de ouro?

Empresas que oferecem serviços de streaming como Netflix, Apple e Amazon já apresentavam uma década de crescimento e tiveram seu momento de ouro com a pandemia.

No início de 2020, quando os espectadores consumiam bastante conteúdo das plataformas em virtude do distanciamento social, essas empresas obtiveram lucros enormes.

O aumento da popularidade desses serviços e a grande margem de lucro fizeram com que muitas redes e estúdios partissem para lançar seus próprios serviços de assinatura.

Essa diversificação acirrou a rivalidade entre os gigantes da indústria, como a Warner Bros., que lançou a HBO Max e a NBC Universal, com o serviço Peacock em 2020.

Mudanças com a pandemia

O ano de 2020 trouxe diversas novidades no formato de entrega de um conteúdo relativamente barato e sem anúncios.

Porém, quando avançamos para 2023, vemos uma desaceleração global e uma necessidade diferente no consumo de filmes e séries.

Com a desaceleração global, a pressão para cortar custos, em meio às taxas de juros e da inflação fizeram com que muitas empresas de tecnologia demitissem e aumentassem seus preços.

Além disso, uma forma das empresas para obter receita é aumentar a distribuição para conseguir novos acordos.

A Amazon lançou um novo braço de distribuição, o que significa que programas e filmes podem estar disponíveis em outros streamers.

Ainda assim, há também as aquisições de pacotes de assinaturas que combinam diferentes serviços de streaming.

A ideia, neste caso, é unir os streamers não lucrativos aos demais que alavancam os resultados.

Isso faz com que haja um menor número de participantes donos do setor, o que preocupa ainda mais em meio a greve do WGA.

Qual a interferência da inteligência artificial no serviço de streaming?

As tecnologias de inteligência artificial já estão presentes em diversas atividades do nosso dia a dia.

A mais comum diz respeito à publicidade na recomendação e disponibilização de conteúdo.

A IA integrada à publicidade melhorar a relevância dos serviços e suporte de anúncios que chegam aos usuários.

Na indústria do entretenimento, a IA está presente não apenas nos algoritmos de recomendação, mas também na codificação de vídeo de pós-produção e até na análise de roteiro.

Os scripts gerados por IA já estavam sendo usados desde 2016 e isto não pode ser caracterizado como uma mudança de apocalipse robótico.

Porém, há um ritmo de seus avanços no aprendizado de máquina e é assustador o quão rápido isso está ocorrendo.

Uso antigo, avanço rápido

O potencial da inteligência artificial tem se mostrado surpreendente. Youtubers usam as ferramentas para fazer animações de alta qualidade de uma forma muito mais rápida e mais barata do que estúdios de grande sucesso.

Uma das questões delicadas do uso da IA é a tradução dos scripts para vários idiomas em tempo real.

Não apenas a tradução legendada, mas a tradução por voz quando se faz uso da dublagem.

Há um aprimoramento contínuo da dublagem em curso e isso poderá refletir em mudanças ao streaming.

O mecanismo de dublagem feito pela IA é uma tecnologia que pega o conteúdo produzido em um idioma e o transforma em outro.

Quando a tecnologia foi lançada, ela apresentava problemas com o tom de alguns conteúdos, mas o aprendizado de máquina tem se aprimorado diariamente.

Uso de inteligência artificial em dublagem

Esta evolução coloca empresas de dublagem por IA como a Papercup e a SyncWords em ascensão.

E não apenas as dublagens por IA oferecem oportunidades tentadoras, tecnologias como o deepfake ao lado da dublagem podem sacudir as estruturas.

Antigamente um conteúdo era limitado por região e por uma minoria que lia as legendas, agora o mercado internacional pode se expandir.

Ou seja, há novas questões éticas em debate e não sabemos quanto tempo esta nova greve dos roteiristas irá durar.

Isto pode gerar discussões e limites para todas as empresas de entretenimento, especialmente porque a dublagem de IA pode ter uma rápida reviravolta no conteúdo.

Com a possibilidade da IA traduzir os roteiros em tempo real, há também de se lembrar que não é tão fácil um robô assumir o trabalho de um tradutor.

Isso porque as nuances de tradução não são facilmente contornadas por um robô.

E como pode ficar a indústria do entretenimento com a IA?

É muito difícil pensar que um texto escrito por um robô obterá tanto sucesso e ter alma quanto um conteúdo original escrito de forma humana.

Será que empresas como Netflix, Amazon, Disney e Apple deixarão a corrida por lucros colocar em risco a qualidade de suas produções?

A verdade é que não sabemos como será este futuro. O que sabemos é que a inteligência artificial anda a passos largos, cada dia mais surpreendente.

Estamos assistindo a uma discussão que se inicia na indústria de cinema e da TV.

E essa é uma ideia do que irá ocorrer em diversos setores onde a criatividade irá esbarrar em desafios éticos com o uso da IA.

Este é um palco que elucida o que teremos pela frente. Com certeza o trabalho de muitas pessoas será afetado e novas possibilidades serão construídas.

O que devemos nos lembrar é que esta é uma ferramenta usada por humanos com habilidades.

Há possibilidade de permitir que os roteiristas possam se concentrar em projetos maiores que demandam muito mais potencial, por exemplo.

Se as ferramentas tecnológicas diminuem a qualidade de programas e filmes nos serviços de streaming, é porque a inteligência artificial foi mal utilizada e não porque é a vilã da história.

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