Nascido em 1932 em Chicago, Estados Unidos, Melvin Van Peebles (originalmente Melvin Peebles) foi um das mais importantes figuras do cinema norte-americano.
Ator, diretor e roteirista, se consagrou com o longa Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, um marco do blaxploitation.
O gênero, estrelado majoritariamente por artistas negros, traz relatos sobre a dura vida nos súburbios das grandes cidades nos anos 1970.
The Story of a Three-Day Pass (1967)
Assim como o clássico Watermelon Man, o filme trata da complexidade da identidade negra. Turner (Harry Baird), o protagonista da história, é promovido e recebe licença em Paris de seu fanático capitão (Hal Brav), que acredita ter um “homem negro” em quem ele pode confiar.
Turner luta internamente, muitas vezes falando com seu reflexo no espelho. Os primeiros 20 minutos do filme inovador de Melvin Van Peebles mostram um Turner escondido atrás de seus óculos de sol.
É uma tentativa fingida de projetar uma “negritude mística”, como bem descreve o escritor Robert Daniels.
A cena característica do filme – o primeiro uso do carrinho double-dolly, que influenciou nomes como Spike Lee – mostra Turner flutuando em um bar oscilante dos anos 1960.
Ele tropeça na frente de Miriam (Nicole Berger), uma francesa solitária, assim quebrando sua alusão de “legal”.
O romance crescente do casal se torna o ponto de apoio do exame de Van Peebles sobre a política racial dos anos 1960.
O desenrolar do filme ocorre enquanto Turner aprende a limitação do amor em uma sociedade preconceituosa.
The Story of a Three-Day Pass, nas palavras do crítico Richard Brody, é “ao mesmo tempo um clássico da new wave e um dos grandes filmes americanos da época”.
É também o melhor e mais controlado filme de Van Peebles.
Don’t Play Us Cheap (1973)
Quando o musical Don’t Play Us Cheap estreou na Broadway, rendeu a Van Peebles duas indicações ao Tony Award.
O diretor experimentou a prosperidade anterior no teatro com seu musical Ain’t Supposed to Die a Natural Death (Tunes from Blackness).
Seu acompanhamento, contudo, mostra verdadeiramente toda a gama de seu talento visual, narrativo e sonoro.
Ocorrendo em uma única noite, Don’t Play Us Cheap segue uma festa em uma casa organizada por afro-americanos da classe trabalhadora.
Duas crianças, Trinity (Joe Keyes Jr.) e o irmão David (Avon Long) chegam para derrubar o clima efervescente da celebração.
Com alegria e amor entre sua comunidade, termos que se tornaram palavras da moda nos últimos anos, surgem maneiras divertidas e criativas à medida que Trinity descobre o romance e a humanidade em meio à frivolidade ao redor.
O elenco totalmente negro, composto por veteranos do palco, executa os números gospel com alma fervorosa na obra mais multifacetada de Van Peebles.
Panther (1995)
Pai e filho se unem como roteirista e diretor respectivamente em uma história de ficção sobre os Panteras Negras. O filme é uma adaptação do romance Pantera, escrito por Melvin Van Peebles.
O protagonista Judge (Kadeem Hardison) é um veterano do Vietnã que, ao voltar para seu bairro em Oakland, encontra a polícia infligindo violência aos afro-americanos.
Para defender sua comunidade, ele se junta a Bobby Seale (Courtney B. Vance) e Huey P Newton (Marcus Chong).
A melhor parte do filme é seu elenco variado e talentoso, que inclui Chris Rock, Chris Tucker e Bokeem Woodbine.
A talentosa Angela Bassett interpreta novamente Betty Shabazz, retratada anteriormente em em 1992 no clássico Malcolm X de Spike Lee.
Panther pode ser complicado em sua trama, mas seu espírito é tão aparente que suas melhores intenções se erguem sobre os elementos mais fracos para uma luta envolvente com a história marcada dos Estados Unidos.
Sweet Sweetback’s Baadasssss Song (1971)
Se há um filme que provou que Van Peebles era um ícone de sua geração, foi Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, que ele escreveu, produziu, dirigiu e estrelou.
Ele inclusive compôs faixas para a icônica banda de soul e funk Earth Wind & Fire executar.
No filme, Van Peebles interpreta Sweetback, um cafetão que recebeu seu nome durante a infância por uma prostituta por causa da sua habilidade sexual.
Ele foge depois de espancar dois policiais que ameaçaram atacar um membro do Black Panther.
Sweetback é hilário, mas ao mesmo tempo estiloso. Sua arrogância só é igualada por seu desejo, uma afronta do diretor para os homens negros que Hollywood e os Estados Unidos branco preferiam ver.
Todo herói cinematográfico negro que se seguiu ao filme de Van Peebles, de alguma forma, presta homenagem a ele como um emblema por buscar o empoderamento negro diante de relações preconceituosas.
Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, na época, se tornaria o filme independente de maior bilheteria da história do cinema, dando origem ao gênero blaxploitation. Também provou que Van Peebles tem talento para atuar em qualquer gênero da sétima arte.
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